O nível de serviço de uma rodovia é afetado por diversos critérios. Quando trafegamos por uma estrada, seja ela em pista simples, dupla ou mais, a sensação que temos da velocidade atingida, das interrupções que sofremos, da segurança, conforto ao dirigir, entre outros, nos mostra de uma forma empírica e aproximada, qual o nível de serviço da rodovia, medido através de nossa sensibilidade como usuários.
Segundo o Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais do DNER de 1999, “o conceito de nível de serviço refere-se a uma avaliação qualitativa das condições de operação de uma corrente de tráfego, tal como é percebida por motoristas e passageiros. Indica o conjunto de condições operacionais que ocorrem em uma via, faixa ou interseção, considerando-se os fatores velocidade, tempo de percurso, restrições ou interrupções de trânsito, grau de liberdade de manobra, segurança, conforto, economia e outros”.
Por exemplo: você precisa ir da cidade A até a cidade B e possui 2 rodovias diferentes para fazê-lo. Quais critérios serão utilizados para escolher seu caminho?
Bom, você pode começar analisando a extensão de cada rodovia e, logo, o tempo de viagem, pois um deles pode até ser mais curto, porém pode não ser pavimentado. Ou então, mesmo que os dois caminhos sejam pavimentados e tenham a mesma extensão, um deles pode estar em uma área mais urbanizada e, o outro, ser mais rural.
No caminho mais urbano, estão presentes diversos comércios e residências, onde veículos locais, ciclistas e pedestres acessam a rodovia com muita frequência, fazendo com que você tenha que reduzir sua velocidade para maior segurança, pois sofre diversas interrupções.
Enfim, são muitos os critérios levados em consideração na escolha de qual caminho será seguido.
Quando se possui mais de uma opção de via, podem ser levantados os prós e contras de cada uma e, assim, decidir qual a melhor. Lembrando que cada pessoa tem critérios distintos para fazer esta escolha.
Assim, alguns, mesmo tendo de utilizar uma rodovia mais extensa ou com pedágios, podem preferir esta a outra rodovia paralela que levará ao mesmo destino, porém com pavimento em más condições, por exemplo.
Já quando possuímos apenas uma opção de rodovia para atingir nosso destino final, não temos escolhas e vamos enfrentar a situação que ali existir: com ou sem pavimento, bem ou malconservada, com ou sem acostamentos, com muita ou pouca urbanização próxima, muitos ou poucos veículos e assim por diante.
Em nosso cotidiano, não costumamos usar a expressão “nível de serviço”, porém, é disso que trata nossa percepção quando dizemos: “vamos pelo caminho x, pois o caminho y está congestionado/cheio/com trânsito”. Assim, mesmo sem saber, empiricamente, estamos usando um quesito técnico da rodovia para decidir qual caminho seguir.
Novamente, segundo o Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais do DNER de 1999, temos que uma rodovia com nível de serviço A está excelente para os padrões requeridos, e uma rodovia com nível de serviço F, está totalmente fora dos padrões necessários, estando congestionada grande parte do tempo ou por possuir características físicas e geométricas muito aquém do que se espera.
Existem também as classificações intermediárias a estas.
Assim, levando em consideração o número de usuários que elegem e trafegam por determinada rodovia e os demais fatores citados ao longo deste texto, é calculado seu nível de serviço, também chamado de LOS (Level of Service).
A partir destes cálculos e da situação atual da rodovia, podem ser verificadas e testadas quais as possíveis formas de adequação da mesma, caso não esteja apropriada aos padrões requeridos.
Para resolver uma situação de rodovia com nível de serviço abaixo do esperado, é necessário analisar e melhorar alguns aspectos, que podem ir desde a implantação ou alargamento dos acostamentos, diminuição do número de acessos diretos à rodovia, implantação de vias marginais para que o tráfego local se movimente por estas e não pela rodovia sempre que possível, melhoria da geometria da via possibilitando um aumento da velocidade máxima permitida, até aumentar o número de faixas de rolamento (faixas adicionais, duplicação, triplicação, entre outros), criar novos caminhos (novas rodovias) ou melhorar outros caminhos existentes. Desta forma, os usuários atingirão seu destino final de forma mais rápida e mais segura.
Esperamos que a Beta tenha conseguido explicar, de forma simplista, o nível de serviço de rodovias. Da próxima vez que você estiver trafegando por uma rodovia, tente prestar atenção nos acostamentos, pavimento, quantidade de veículos, interferências, se existem faixas adicionais, onde elas estão alocadas (nada é por acaso!), entre outros.
Em breve, vamos continuar com esse assunto e outros, aqui e em nossas redes sociais.
Este texto foi elaborado pela Beta Consultoria em Infraestrutura, não podendo ser reproduzido ou distribuído sem a expressa autorização da mesma. As informações contidas neste documento possuem fins meramente informativos, não se caracterizando como relatório, estudo ou análise relacionada a qualquer área da engenharia. Destaca-se, ainda, que estas informações são consideradas confiáveis na data em foram apresentadas, portanto, estão sujeitas a mudanças.
Palavras-chave:
Rodovia, Via, Caminhos, Usuários, Tráfego, Nível de serviço, LOS, Level of service, Capacidade, HCM, HCS, Adequação de rodovia, Engenharia de tráfego.
Referências:
Manual de Projeto Geométrico de Rodovias Rurais (DNER, 1999).